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segunda-feira, 9 de abril de 2012

Vida de gado. Existencialismo de segundas-feiras.


O ministério da saúde adverte: Se não estiver afim de ler besteira, não leia o texto.

Tenho sérios problemas com segundas-feiras. Ou não, talvez não sejam problemas e sim, constatações. O que acontece é que nas segundas, estou menos adaptado que no restante dos dias úteis ao meu trabalho alienado, logo penso mais sobre a vida e qual o sentido dela.

Geralmente começo a matutar sobre quanto é inútil o trabalho que tenho quando já estou nele, geralmente conferindo a contabilização de alguma nota fiscal. Hoje foi diferente, logo no ônibus, vindo ao trabalho com um pouco menos de sono que o normal, comecei a perceber as pessoas em volta: Duas meninas, uma sentada ao meu lado e outra de pé de frente dela, reclamavam das provas que teriam essa semana, provavelmente do curso de administração do qual não gostam, do qual fazem apenas para seguir a regra. Na minha frente duas senhoras, uma de uns 40 anos, pelas rugas no rosto, outra um pouco mais nova, mas também com jeito de quem já tem filhos e uma casa para cuidar, reclamavam do trabalho e do terror de segunda, já não viam hora de chegar o fim de semana, como se este fosse o único motivo de viver. Em um ponto entrou uma senhora já de certa idade, cabelos brancos, com uma expressão cansada, acho que iria trabalhar apesar da aparentar ter idade para estar aposentada. O ônibus estava lotado e ela parou do lado das meninas que conversavam sobre as provas, fiquei um pouco angustiado pelas meninas não darem o lugar a ela, pensei em levantar e ceder meu lugar, mas como estava no canto, nos bancos da frente e o próximo ponto estava perto, a senhora foi se espremendo para trás sem me dar a chance de ser gentil e tentar por um sorriso no rosto triste dela. Olhei para trás, não consegui enxerga-la, espero que alguma boa alma tenha cedido o lugar.

Inserido nesse cotidiano, vejo quão miseráveis as pessoas são do meu ponto de vista. Não as culpo por isso, afinal, dentro de suas (nossas) perspectivas não há muito o quê se fazer. No fim das contas, são até felizes com suas vidas como relata de maneira irretocável a célebre canção: Vida de gado, povo marcado, povo feliz. Quem destoa mesmo sou eu (desculpe-me se soei egocêntrico), que tento achar sentido para as coisas, sentido para tudo, até para a vida. Coisa inútil.

No primeiro episódio da sexta temporada de Dr. House, ele é internado contra a vontade em um manicômio, então passa a tentar de todo jeito encontrar um meio de sair de lá, gerando diversos planos mirabolantes. Num deles, quando ele é pego pelos enfermeiros e levado para o quarto para ser trancafiado, seu companheiro de quarto diz uma coisa que ecoou na minha cabeça pelo contexto: Thinking sucks.

Realmente, pensar é uma merda. Pensar na vida então? Um troção seco, daqueles que arranham seu brioco todo. Pensar na vida é lembrar que ela é efêmera, é lembrar que somos apenas mais uma das bilhões de pessoas que existem na terra, sem motivos, sem objetivos, que somos apenas poeira das estrelas, como diria algum poeta ou astrofísico, talvez. Pensar na vida não a faz melhorar, só nos faz aborrecer.

Sorte de quem consegue não pensar na vida, o que não é meu caso. É minha sina pensar bobagens demais. Um dia talvez, isto me ajude de alguma forma. Enquanto este dia não chega, vou tocando em frente minha vidinha de gado, amanhã certamente já não pensarei tanta besteira.


PS.: Siiiiim, eu sei de tudo aquilo, que tem o paraíso e tal, que você vai para o céu, por isso toda essa vidinha medíocre que você leva valerá a pena no fim das contas. Tá certo, isto tudo aí é real, não é apenas besteira inventada para anestesiar a dor de saber que nossa consciência deixará de existir um dia.

segunda-feira, 7 de novembro de 2011

Terra de Gigantes

Outro som fantástico do Engenheiros do Hawaii:




Hey mãe!
Eu tenho uma guitarra elétrica
Durante muito tempo isso foi tudo
Que eu queria ter

Mas, hey mãe!
Alguma coisa ficou pra trás
Antigamente eu sabia exatamente o que fazer

Hey mãe!
Tem uns amigos tocando comigo
Eles são legais, além do mais,
Não querem nem saber
Mas agora, lá fora
O mundo todo é uma ilha
Há milhas, e milhas, e milhas
De qualquer lugar

Nessa terra de gigantes
Eu sei, já ouvimos tudo isso antes
A juventude é uma banda
Numa propaganda de refrigerantes

As revistas, as revoltas, as conquistas da juventude
São heranças, são motivos pra mudanças de atitude
Os discos, as danças, os riscos da juventude
A cara limpa, a roupa suja, esperando que o tempo mude

Nessa terra de gigantes
Tudo isso já foi dito antes
A juventude é uma banda
Numa propaganda de refrigerantes

Hey mãe!
Eu já não esquento a cabeça
Durante muito tempo
Isso era só o que eu podia fazer
Mas, hey hey mãe!
Por mais que a gente cresça
Há sempre alguma coisa que a gente
Não conseque entender

Por isso, mãe
Só me acorda quando o sol tiver se posto
Eu não quero ver meu rosto
Antes de anoitecer
Pois agora lá fora,
O mundo todo é uma ilha
Há milhas, e milhas, e milhas...

Nessa terra de gigantes
Que trocam vidas por diamantes
A juventude é uma banda
Numa propaganda de refrigerantes

Mega, ultra, hiper, micro, baixas calorias,
Kilowats, gigabites
Traço de audiência
Tração nas quatro rodas
E eu, o que faço com esses números?
Eu, o que faço com esses números?

Nessa terra de gigantes
Eu sei, já ouvimos, tudo isso antes
A juventude é uma banda
Numa propaganda de refrigerantes

Hey mãe.....hey mãe

segunda-feira, 17 de outubro de 2011

Muros e Grades

Essa letra é uma das mais filosóficas que já vi. Tem a mensagem de "Minha Alma" nela, mas vai além, e trata de existencialismo (como é até comum nas letras de Gessinger). É muito boa, cada verso tem uma profundidade imensa. Genial. Pensei em destacar os meus versos favoritos, mas não dá, gosto da música inteira.




Nas grandes cidades, no pequeno dia-a-dia
O medo nos leva tudo, sobretudo a fantasia
Então erguemos muros que nos dão a garantia
De que morreremos cheios de uma vida tão vazia


Nas grandes cidades de um país tão violento
Os muros e as grades nos protegem de quase tudo
Mas o quase tudo quase sempre é quase nada
E nada nos protege de uma vida sem sentido


Um dia super, uma noite super, uma vida superficial
Entre as sombras, entre as sobras da nossa escassez
Um dia super, uma noite super, uma vida superficial
Entre cobras, entre escombros da nossa solidez


Nas grandes cidades de um país tão irreal
Os muros e as grades nos protegem de nosso próprio mal
Levamos uma vida que não nos leva a nada
Levamos muito tempo pra descobrir
Que não é por aí... não é por nada não
Não, não pode ser... é claro que não é, será?


Meninos de rua, delírios de ruínas
Violência nua e crua, verdade clandestina
Delírios de ruína, delitos e delícias
A violência travestida faz seu trottoir
Em armas de brinquedo, medo de brincar
Em anúncios luminosos, lâminas de barbear


(solidez)


Viver assim é um absurdo como outro qualquer
Como tentar o suicídio ou amar uma mulher
Viver assim é um absurdo como outro qualquer
Como lutar pelo poder
Lutar como puder