quarta-feira, 28 de abril de 2010

Administração Pública e Marasmo

I – Da parte sensata.

Hoje, tive a felicidade de poder ler a Carta do IBRE, carta escrita por economistas da FGV que apresenta dois mitos das contas públicas brasileiras (leia aqui). Um deles é o de que a redução de despesas de expediente poderia diminuir significativamente as despesas públicas. O outro é o de que o responsável, quase totalmente, pelo fraco investimento brasileiro é a pouca aplicação de recursos.

O 1° fora desmentido facilmente ao se apresentar a participação de cada componente nos gastos públicos brasileiros. A participação do Custo Restrito, que engloba os valores de despesas de escritório e viagens, material de consumo e serviços de consultoria, entre 1999 a 2009, caiu de 2,1% do PIB para 1,8%, sendo que, a máquina do governo não funcionaria com menos de 1% investido neste setor.

O 2° e mais emblemático, pode ser considerado em partes real. É verossímil que os gastos correntes (despesas geralmente mensais, vide relatório) vêm engrossando sua fatia no PIB, como também é verossímil o fato de que os recursos gastos em investimentos públicos vêm afinando sua parcela, porém, estas são só duas partes de um quebra-cabeça complicado. Um dos principais agravantes apresentados neste relatório para o problema, para alguns uma surpresa, é a má administração pública, que freia a liberação de verbas e estagna o processo.

II – Da psicose do autor

E mais uma vez chegamos ao mesmo buraco. Cultura. Infelizmente, a inapetência dos trabalhadores públicos é o resultado de uma sociedade que busca esforçar-se o mínimo possível para qualquer ação. A afirmação é cômica, afinal esta sempre foi à maior meta humana: Conseguir o máximo com o mínimo de esforço possível. Claro, nos tempos em que a produção de qualquer coisa era rústica e de extrema dificuldade, nos tempos em que trabalhar (trabalhar mesmo!) era necessário para continuar a viver, esta meta fazia todo sentido. Mas e hoje em dia? Nestes tempos onde tudo é produzido em escala desnecessária para que sejam saciados os bolsos dos “grandes homens” de nossa economia? Nestes tempos onde temos a obrigação de estar no ambiente criado para o trabalho, mas não a obrigação de trabalhar?
O mundo mudou, mas nossa meta não. Estamos em um trem desgovernado, sem freios. Um trem que atingiu a velocidade que necessitava, mas que não para de acelerar. Um trem controlado por maquinistas que já não se importam com os passageiros nem com os trilhos. E o mais triste, um trem cujos passageiros já não sabem ou fingem não saber onde querem desembarcar.

Talvez seja a hora de mudar o rumo deste trem...



Outras Frequências (Engenheiros do Hawaii)

seria mais fácil fazer como todo mundo faz
o caminho mais curto, produto que rende mais
seria mais fácil fazer como todo mundo faz
um tiro certeiro, modelo que vende mais

mas nós dançamos no silêncio
choramos no carnaval
não vemos graça nas gracinhas da TV
morremos de rir no horário eleitoral

seria mais fácil fazer como todo mundo faz
sem sair do sofá, deixar a Ferrari pra trás
seria mais fácil fazer como todo mundo faz
o milésimo gol sentado na mesa de um bar

mas nós vibramos em outra freqüência
sabemos que não é bem assim
se fosse fácil achar o caminho das pedras
tantas pedras no caminho não seria ruim

mas nós vibramos em outra freqüência
sabemos que não é bem assim
se fosse fácil achar o caminho das pedras
tantas pedras no caminho não seria ruim

seria mais fácil fazer como todo mundo faz...

5 comentários:

  1. O problema, caro blogueiro, está nos mandatários brasileiros.

    Presidente, governadores, prefeitos...

    Nessas horas, o Estado Mínimo não soa tão absurdo.

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  2. Tem razão, caro amigo. Talvez precisemos de um presidente super-herói. Não?

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  3. De maneira alguma precisamos de um presidente super-herói.

    Exatamente por isso Estado Mínimo: não precisamos de um super-herói, nem tampouco precisaremos dos serviços prestados pelo governo.

    Mas não sou um adepto do Estado Mínimo... ainda.

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  4. Sabe senhor Dantas, excelente post - além de uma ótima resenha filtrando o contexto da carta.

    Bom hoje eu vou atacar para os todos os lados. Primeiro a política do Brasil é uma piada, e a política externa então é na minha opinião é uma vergonha, o país quer ser amiguinho de todos (vide relações com o Irã e Cuba).

    Analisando o cenário econômico referente aos gastos públicos, o governo ajuda com esse gastos o aumento da inflação (risos)!Só rindo mesmo.

    Outra coisa que eu vou aproveitar também e falar é que como pode alguém como o Senador Sarney, receber uma aposentadoria do estado do Maranhão de 50.000,00 você tem noção desse valor Sr. Dantas?

    Outra coisa que me fez rir foi ver o Governo do Estado de São Paulo, mostrar que conseguiu aumentar o salário mínimo para 580,00. Novamente vou rir, por favor, não se ofenda. HAUHAUHAUHAU

    Pode entrar PT, PSDB, PMDB que não vai mudar nada continuaremos com essa política sem vergonha que estamos.

    O PSDB entrou para história com o plano real, Lula entrou na história pela sua liderança. Porém para avançarmos no cenários: IDH, Educação e Econômico. Pela maneira que estamos, demoraremos mais 250 anos.

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  5. É por isso que digo que temos de mudar! Nós mesmos! Não só ficar esperando com que a adm. pública resolva por nós!

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Tácale pau nesse comentário, marcos.